Brindes de Cultura

Brindes de Cultura: Textos elaborados, dados concretos e opinião sobre Enologia, Vitivinicultura e agronomia

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Santa Maria, RS, Brazil
Acadêmico de Agronomia UFSM, atuando na área de Enologia e Vitivinicultura. Um homem de opinião.
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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A Lei do Vinho e a alteração na adição de açúcar para correção.


Complicação para os vitivinicultores ou preocupação com a qualidade do vinho?



O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) enviou à Casa Civil o texto que vai alterar a chamada Lei do Vinho na questão referente ao uso de açúcar para correção dos mostos (chaptalização), visando aumentar o grau alcoólico dos vinhos.


Trata-se do processo de acrescentar açúcar ao mosto do vinho, para aumentar a quantidade total de açúcar e assim elevar o potencial teor de álcool. Sendo a proporção normal para utilização de sacarose para aumento de 1°GL, de aproximadamente 17g de açúcar por litro de suco de uva.
A chaptalização é motivo de discussão no mundo dos vinhos. Em alguns países da Europa é permitida somente nas safras onde as uvas não amadurecem inteiramente.  Em alguns países frios do norte do velho continente, no entanto, é uma prática legal e amplamente utilizada. Em muitas regiões vinícolas quentes, inclusive na Califórnia, não é permitida.

O motivo da discussão está na modificação do vinho. Ao adicionar açúcar, permite-se que haja a transformação deste em álcool através da fermentação alcoólica. Porém  são desconsiderados todos os outros processos bioquímicos decorrentes desta fermentação e dos constituintes da uva que dariam a complexidade da bebida.


         A permissividade desta prática pode gerar um comodismo, onde um desleixo para com a qualidade das uvas poderia ser compensado na adição de açúcar, já que ao aumentar o teor alcoólico, o produtor pode tornar o vinho mais “encorpado”, assim fazendo-o parecer mais estruturados.

 Quando a uva, por motivos climáticos, não atinge uma adequada maturação, a legislação brasileira permite a adição de açúcar, porém visando apenas corrigir pequenas insuficiências e não compensar  a maturação imperfeita.  

Atualmente, todos os vinhos podem ser chaptalizados em até três graus alcoólicos. Depois de publicado o decreto, os vinhos finos poderão ser chaptalizados em apenas dois graus nos primeiros quatro anos e somente em um grau a partir do quinto ano da publicação.

Esta alteração na Lei do Vinho pode trazer problemas aos vitivinicultores que não investirem nas práticas de manejo e na qualidade de suas uvas. Porém, vem a contribuir com a busca pela qualidade e competitividade dos nossos vinhos, partindo da simples premissa de que um vinho começa no campo e de que não de pode fazer bons vinhos de uvas deficientes.

4 comentários:

  1. Mais uma bobagem que nao leva em conta a Realidade da vitivinicultura Brasileira. Quem sabe nao sugiram , por tabela, que nao se possa adicionar acidos em paises quentes e/ou nao se permita de-alcoolizacao em tais paises. Mais uma de um país que quer ser mais realista que o rei.

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  2. Prezado anônimo,

    justamente levando em conta a realidade da vitivinicultura brasileira é que se tomou essa decisão.

    A nossa realidade mostra que é possível, e muitos já o fazem, conseguir maturação adequada às nossas condições e, também, de que temos que nos adequar ao nosso perfil de aptidão vitivinícola, de vinhos mais jovens e brandos, pois maquiar o vinho com açúcar em nada resolve para com a qualidade dos nossos produtos.

    Um manejo do dossel vegetativo adequado, podas corretas e diminuição do volume de água utilizado nas caldas de pulverização podem ajudar na busca de uma maturação mais adequada.

    A realidade que tu citas é uma que deve ser extinta. Devemos mudar essa realidade para sermos competitivos no mercado de vinhos. Não esqueça que estamos falando de uvas finas e não americanas.

    A situação é muito diferente da acidificação ou desalcoolização, pois, a correção com açúcar serve para nutrir a fermentação, que resultará no vinho. O vinho é fermentado de uvas, do açúcar natural contido na uva, envolvendo todos os processos bioquímicos de seus componentes; e não um fermentado de sacarose, disso já temos os fermentados de cana e outros, mas nunca vinho.

    att,
    Leandro Ebert,
    que assina seus comentários.

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  3. Prezado Leandro: Perfeita tua colocação. Diria mais, deveriam proibir a chaptalização porque é possível com o manejo adequado do vinhedo obter uvas maduras como em Bagé onde colhemos uvas com açúcar suficiente para gerar até 14%. Vinhos finos dever ser elaborados com uvas com boa maturação. Posturas como a do ANÔNIMO que usam justificativas de exemplos errados nos levariam ao retrocesso, à piora da qualidade de nossos vinhos.Abraço

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  4. Muito boa essa lei, o Brasil tá cada fez melhor na produção de vinhos sei que juntos vamos conseguir mudar nosso país, e uma honra ver que a viticultura brasileira cresceu bastante nos últimos anos.

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